Quando Quiser !

 Quarta, 06 de Outubro ed 2010.

Resposta ao Método do Afastamento de Bertold Brecht

 O que meu valoroso colega dramaturgo Bertold Brecht difundiu com seus escritos e conclusões teóricas e práticas sobre a teoria do afastamento, entendo, respeito, mas não aceito como algo palpável.
Não é concebível para mim pedir a um ator que reduza a intensidade de um perfeito tremular de mãos ou o rubor nasal que se espalha por sua face deixando qualquer um que entenda pelo menos um pouco de interpretação estupefato e maravilhado com tal controle sob suas reações físicas ao interpretar. Como dizer a uma atriz que foi um erro fitar os olhares do público na platéia? Como dizer a ela que foi um erro sua voz embargada, com seus olhos marejados, transbordados de amor ao dizer uma única frase? Será que ela está errada em levar o público a mergulhar em salto livre o mais fundo que pode em seus próprio coração, revirando, relembrando antigas emoções fazendo com que ele se renda aquele inegável momento de profunda reflexão, ficando completamente à mercê daquela frágil e solitária criatura ao centro do palco? Iluminada apenas por uma opaca luz âmbar, numa quase penumbra, o silêncio comprova tudo. Não se ouve sequer uma respiração, estão todos conectados, compartilhando da mesma energia. Na platéia pessoas invadidas por sentimentos e lembranças que há muito não se recordavam guardar. O fato desta atriz ter feito com que por alguns momentos as pessoas que lá estavam se esquecessem de que tudo não passava de uma interpretação teatral, inegavelmente a banida SIMPATIA, excluída pelo método do afastamento de Brecht estava presente, levando identificação e trazendo proximidade, possibilitando mais cor, sabor e reflexão a grande parte do público! “OS ATORES COM TALENTO E CARISMA SEMPRE SERÃO DEUSES NOS PALCOS”
Deixo claro que estas minhas conclusões não se devem ao simples fato de gostar ou não. Mas no tocante “experiência”, e não me atenho só ao que li, ouvi ou assisti nos últimos tempos, mas no que testemunhei nestes aproximadamente quinze anos, vivendo quase que exclusivamente do sopro vital, não intermitente da arte teatral, levando em conta todas as experimentações que fiz com uma infinidade de alunos e atores profissionais que hoje compõem a minha companhia de teatro (Atos e Atores), experimentando a cada encontro especificidades dos estudos e inquietudes de grandes homens da nossa história, entre eles Freud, Nietzsche, e o grande estudioso da arte de interpretar Constantin Stanislavski, buscando como e o por quê, ser e estar, pesquisando o eu interior como ponto de partida para concretizar uma idéia, conceber uma personagem e vivenciar de gosto uma boa atuação. “O QUE NÃO É O HOMEM SENÃO UM APRENDIZ DE TODOS OS QUE O SUCEDERAM?”. Tendo este pensamento como ponto pacífico, logo entendo a importância de todas as teorias como bem maior, em nome de um teatro de qualidade. Assim como tudo na vida, as ideias também são filtradas pelas suas eficácias no concluir, fazendo-as ganhar fama. Só as teorias de valor concreto se estabelecem, como é o caso do naturalismo de Stanislavski que indica como melhor investigar, analisar, sentir e pôr em prática tais emoções da maneira mais sensível ou grosseira que o ator puder. Vivenciar as personagens, mas sem estado de transe, catarse ou surto. Isto deixamos para os jogos dramáticos e performances de improviso que nos permitem testar nossos limites. Há séculos os homens de teatro navegam por estas águas, divulgando suas teorias, os seus métodos, descobertas e didáticas que deixaram marcas, ditando novas formas e maneiras de causar momentos de reflexão ao nosso estimado e amado público.
Por exemplo, Ésquilo, Sófocles e Eurípides. O que queriam estes homens? Talvez apenas “explicar” em alguns poucos atos o por quê da existência do ser humano, ou simplesmente fazer teatro porque era o que alegrava seus corações? De qualquer forma foi, é ou será a única certeza que todos nós, homens de teatro, temos totalmente em comum e que nos torna um. É o fato de exigir e não abrir mão do direito de nos movermos, de nos expressarmos.

Eduardo Monteiro (dramaturgo e diretor teatral)

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Sexta, 17 de Setembro de 2010.

 Em época de eleições, é importante que analisemos alguns pontos importantes sobre as propostas de governo e o impacto de uma nova reforma política, isso é, se houver.
Mas não podemos desconsiderar o fato, de que somos agentes importantes para as mudanças no cenário político, pois, nossa visão, pensamento e discussão sobre o assunto, podem ter voz ativa se escolhermos bem aqueles que irão nos representar, no entanto, é indispensável que façamos uma análise socio-cultural, para sabermos que rumo nosso país vai tomar e se o quadro vai ficar mais crítico ou favorável a nossa co-existência.

Há um tempo atrás, recebi um e-mail do Arnaldo Jabour que fala sobre alguns mitos que aindadefendemos, mas, que na verdade são crenças que não queremos deixar de acreditar. 
Marcos Lessa


- Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca.

Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida;
Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;
Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade.
Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária.
É coisa de gente otária.

- Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão.

Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada.
Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo , ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai.
Brasileiro tem um sério problema.
Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.

- Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira.

Brasileiro é vagabundo por excelência.
O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo.
Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários da bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.

- Brasileiro é um povo honesto. Mentira.

Já foi; hoje é uma qualidade em baixa.
Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso.
Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas.
O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.

- 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira.

Já foi.
Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram.
Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha alternativa e não concordava com o crime.
Hoje a realidade é diferente.
Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal.
Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas.
Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.

- O Brasil é um pais democrático. Mentira.

Num país democrático a vontade da maioria é Lei.
A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente.
Num país onde todos têm direitos, mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia.
Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita.
Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MPs), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores).
Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar.

Democracia isso? Pense!

O famoso jeitinho brasileiro.
Em minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira.
Brasileiro se acha malandro, muito esperto.
Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar.
No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí?
Afinal somos penta campeões do mundo né?
Grande coisa...

O Brasil é o país do futuro. Caramba, meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos.
Dessa vergonha eles se safaram...
Brasil, o país do futuro!?
Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.

Deus é brasileiro.
Puxa, essa eu não vou nem comentar...

O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.
Para finalizar tiro minha conclusão:

O brasileiro merece! Como diz o ditado popular, é igual mulher de malandro, gosta de apanhar. Se você não é como o exemplo de brasileiro citado nesse e-mail, meus sentimentos amigo, continue fazendo sua parte, e que um dia pessoas de bem assumam o controle do país novamente.
Aí sim, teremos todas as chances de ser a maior potência do planeta.
Afinal aqui não tem terremoto, tsunami nem furacão.
Temos petróleo, álcool, bio-diesel, e sem dúvida nenhuma o mais importante: Água doce!

Só falta boa vontade, será que é tão difícil assim?

Arnaldo Jabor


Será que ele tem razão? Olha esse vídeo!