quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Teatro de Bonecos

A origem do Teatro de Bonecos que encantam adultos e crianças é uma das mais remotas maneiras de diversão entre a humanidade. Registros dessa forma de expressão artística datam de 422 ac . Alguns historiadores defendem que seu uso antecipou os atores no teatro. Evidências mostram que sua aplicação aconteceu no Egito em 2 mil AC com o uso de figuras de madeira operadas com barbante. Bonecos articulados de marfim e argila, controlados com cordões, também foram encontrados nas tumbas egípcias. Os hieróglifos também descrevem "estátuas que caminham" usadas pelos antigos egípcios em peças teatrais religiosas.

O teatro de bonecos tem um papel significativo na história das civilizações. Ele está especialmente ligado aos primitivos cultos animistas, os quais consideram que tudo no Universo é portador de alma e, por extensão, de sentimentos, desejos e até mesmo de Inteligência. Assim, determinados objetos eram considerados sagrados, entre eles as máscaras e os fantoches.
Este instrumento teatral conferia aos seres que os utilizavam poderes mágicos, caracterizando-os como personas intermediárias entre os povos primitivos e seus deuses. As pessoas conferiam tal sacralidade ao fantoche que ele realmente parecia sustentá-las espiritualmente.

Ao se tornar portador do fantoche, o personagem adquiria poderes que o convertia em um profeta, um ser sagrado, um exorcista. Portanto, somente um iniciado nos conhecimentos sacros poderia usar suas mãos para dar vida ao fantoche, em uma cerimônia especialmente preparada para essa encenação.


Na era clássica os fantoches estavam dispostos principalmente dentro dos templos; eram bonecos de grande porte conduzidos igualmente durante as procissões de iniciação. Eles se desenvolvem particularmente a partir do século VII, com a adoção de estátuas semelhantes ao Homem. Estes fantoches que imitam as feições humanas são então escolhidos cada vez mais para estes eventos religiosos, assumindo um estilo que ainda hoje marca as representações do teatro de fantoches.

Como esta modalidade lembrava demais os antigos ritos animistas, a Igreja começou a proibir as encenações dentro dos templos. Esta atitude deu origem aos teatros itinerantes, os quais reduziram o porte de forma a poder circular aqui e ali com suas representações, especialmente pelas ruas e em festas empreendidas no interior dos palácios.

Ao longo do Renascimento eles são novamente resgatados no seio das Igrejas, apresentando-se também nos pátios residenciais e nas festas realizadas durante as feiras. A platéia se populariza e o teatro de fantoches assume uma postura mais satírica, impregnada de humor. Ele tem um papel importante nesse período, chegando até mesmo a preservar o Teatro Inglês quando este é interditado durante 18 anos.

Seguindo a evolução histórica, os fantoches foram se transmutando conforme as necessidades de cada época, não se atendo jamais ao passado. Assim, eles estão sempre em metamorfose, constantemente assumindo novas formas. Esta modalidade teatral preserva sempre, porém, seu caráter ambulante, ao encenar seus espetáculos não só nos teatros convencionais, mas também nas ruas, nas praias, nos espaços ao ar livre diante das Igrejas.

Para situá-lo no tempo e no espaço, dois fatores surgem: sua origem e sua importância na sociedade como agente na descoberta do mundo, por meio da arte. É uma síntese de um contexto histórico, cultural, social, político, econômico, religioso e educativo. Sob estes aspectos é que encontramos importantes tipos de Teatro de Bonecos no mundo: Petruchka (Rússia), Vidouchaka (Índia), Karagós (Turquia), Punch (Inglaterra), Guignol (França), Fantoccini (Itália), Mamulengo (Brasil) e Bunraku (Japão).

O boneco, ser inanimado por princípio, no palco toma outras dimensões: voa contrariando as leis da física, assume as posturas mais extravagantes, mas não perde o caráter de familiaridade. Isto é, nos identificamos com eles.


A arte possui valores que a transcendem, atinge o universal eliminando barreiras de tempo e lugar. Assim, o Teatro de Bonecos oferece mil possibilidades a quem o descobre.

Nas mãos de um educador hábil o boneco é um instrumento de grande valor. Nem sempre a palavra é mais importante: os gestos e trejeitos do boneco transmitem informações ao espectador que o leva a interpretação e identificação imediata da mensagem. Sua eficácia é muito importante tanto para crianças como para os adultos.



TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO:

Robótica - manipulação com uso da tecnologia.

Bonecos habitáveis - o boneco é vestido pelo manipulador.

Associação de gatilho – boneco é acionado à distância com técnica de vara de origem chinesa. Utiliza-se colete, o que permite ao ator trabalhar com bonecos maiores, mas com mãos livres para utilizar manetes e vara.

Luva-mamulengo - a luva é uma dos tipos da manipulação direta, ou seja, o artista está diretamente ligado ao boneco. A palavra "mamulengo" é uma referência a um folguedo de Pernambuco.

Objetos - incorporação de elementos para construção da narativa.
Títeres de vara - variação de origem chinesa, com utilização de grande número de varas em cada boneco para aumentar as possibilidades de movimento.

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